devata, adidevata, pratyadidevata

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http://sriganesa.blogspot.com.br/ ogagaapataye nama| 1 Devatā Adidevatā Pratyādidevatā || ॐ गं गणपतये नमः || || ogagaapataye nama|| http://sriganesa.blogspot.com.br/ © Todos os Direitos Reservados Karen de Witt (Astróloga Védica)

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Jyotisha, Astrologia Védica.

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Devatā

Adidevatā

Pratyādidevatā

|| ॐ ग ंगणपतय ेनमः || || oṃ gaṁ gaṇapataye namaḥ ||

http://sriganesa.blogspot.com.br/

© Todos os Direitos Reservados

Karen de Witt (Astróloga Védica)

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Conteúdo

1. Devatā ........................................................................................................................ 3

2. Divindades Planetárias .............................................................................................. 6

3. Escolhendo o Devatā ................................................................................................. 8

4. Digbala e Dikpāla, e a Direção a Tomar ................................................................... 10

5. Mantra Bhāva ............................................................................................................ 13

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Devatā, do Sânscrito (देवता), deriva de Deva, que vem da raiz “div”, o qual significa brilhar,

iluminar, celestial, divino; uma divindade, deus; em oposição a Rākṣasa, demoníaco, e que faz oposição

à luz. Deva é algo que se move no sentido de Sattva Guṇa, o modo da bondade e da compaixão, e tem

por objetivo iluminar.

Adidevatā é o que inicia o processo de iluminar e, portanto, um aspecto do Criador Brahmā,

enquanto que o Pratyādidevatā é aquele que remove completamente Tamas, a ignorância/sofrimento, e é

um aspecto de Sadāśiva.

Assim como um horóscopo pode ser analisado em 3 níveis básicos, físico, mental e espiritual,

estes associados ao Lagna, Lua e Sol, respectivamente, assim também as divindades responsáveis por

conduzir a natividade ao estado de Sattva Guṇas, também são classificadas em 3 níveis. Cada um desses

níveis é estabelecido, por sua vez, em Devatā agindo no plano físico; Adidevatā no plano mental e

Pratyādi Devatā no plano espiritual.

Devatā é toda e qualquer divindade, quer em seu aspecto masculino ou feminino. Entretanto,

nesta abordagem, e para efeitos desses três níveis, a Astrologia Védica determina Devatā como aquele

que governa sobreo planeta (Graha). Assim, Sūrya Deva age sobre o planeta Sol, Candra Deva sobre a

Lua, e assim sucessivamente. É importante entender que o Devatā, tal como abordado neste artigo, é

aquele que age diretamente sobre o plano físico e está diretamente associado aos Navagrahas. Embora

bem conhecido o fato de que a doença deva ser tratada em todos os níveis, físico, mental e espiritual, em

Jyotiṣa, para cura de enfermidades, o mantra do Devatā é o mais indicado, bem como o uso de sua pedra

em dedos específicos para aumentar (mão direita) a energia planetária ou diminui-la (mão esquerda) em

casos específicos de tratamento.

Plano Físico Plano Mental Plano Espiritual

Devatā Adidevatā Pratyādidevatā

É fato conhecido que cada um dos Navagrahas está associado com Guṇas (Sattvas, Rajas e

Tamas), bem como com os Pañcabhūtas (elementos sutis, ou os Tanmatras) e os Mahā Bhūtas

(elementos grosseiros). Estes elementos, combinados entre si, formam os Doṣas (humores), isto é, Vāta,

Pitta e Kapha. Tais elementos mostram que o Universo inteiro é formado por diferentes vibrações da

mesma substância primordial (Prakṛti) e o indivíduo, fazendo parte deste universo, contém em si todos

esses elementos dispostos de tal modo que qualquer desequilíbrio em um deles faz com que a doença

1. Devatā

1.1 Níveis Físico, Mental e Espiritual

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rapidamente se instale em seu organismo. Portanto, para trazer equilíbrio rapidamente, evoca-se o

Devatā do planeta associado com tal elemento, quer pelo seu mantra, quer pelo uso de uma pedra

associada ao planeta ou outra substância colocada próximo da pele, chás, banhos, alterações na energia

interna da casa por meio de artigos do planeta colocado em locais apropriados etc.

Não se trata de mágica, mas sim de manipular os elementos sutis constituintes do corpo sutil

(śarīra sūkṣma) de modo que, reequilibrando-os, o corpo físico possa experimentar melhoras, cura,

harmonia etc. Contudo, uma vez que o corpo sutil é formado por Jñānendriyas, Karmendriyas, Pañca

prāṇa, e Buddhi e Mana, e que estes dezessete atributos evoluíram diretamente dos Pañca Bhūtas

(Ākāśa, Vāyu, Jala, Pṛthvī e Agni), é possível também, através da manipulação desses elementos sutis,

alterar circunstâncias na vida profissional, financeira, amorosa etc., uma vez que tais situações são

atraídas conforme a esfera de influência de cada um, e tal esfera de influência é formada neste corpo

sutil e manifestada no mundo da forma.

Marte exaltado é condutivo de todo sucesso profissional, ao passo que um debilitado destrói a

vida profissional. Por isso o uso de um coral vermelho é indicado para aumentar Agni e promover

mudanças neste campo. Igualmente uma pessoa que deseja perder peso seria aconselhada a aumentar

Agni usando um coral vermelho, este responsável pelo fogo digestivo, de modo a acelerar o

metabolismo e promover rápida queima do alimento ingerido. Deve-se sempre consultar um astrólogo

experiente, pois o uso de pedras inadequadas em dias, hora e partes do corpo também inadequados, pode

causar problemas em outras áreas da vida que estão em equilíbrio e não deveriam ser tocadas.

Uma bem conhecida técnica de purificação é conhecida como Bhūta Śuddhi, a purificação dos

elementos Ākāśa, Vāyu, Jala, Pṛthvī e Agni. Nesta técnica, realizada através da visualização dos

elementos, o indivíduo é levado a purificar os elementos constituintes do seu śarīra sūkṣma. Um a um

dos elementos é visualizado e diluído um no outro no processo inverso da criação. Em seguida, ele

precisa reconstruí-los novamente, na ordem correta. Essa é a construção de um novo corpo sutil,

purificado e pronto para a realização das injunções diárias.

1.2 Os Tattvas

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O objetivo aqui não é ensinar a técnica acima, porém explicar, por meio de exemplos, que tais

elementos sutis são manipuláveis através do poder mental, da força da visualização, de mantras, do uso

de pedras e outros artigos planetários, do uso de plantas medicinais em forma de chás, banhos,

massagem com óleos, do uso de alimentos específicos etc.

Cada objeto neste mundo contém em si os cinco elementos sutis com predominância de um

deles. É essa predominância que faz um determinado objeto ativar um Tattva específico, quer

aumentando ou diminuindo sua presença, de modo a trazer o equilíbrio desejado. Assim também os

mantras, contendo em si todos os elementos da criação, conservam predominância em um Tattva

específico agindo sobre ele.

Em relação às Divindades e suas relações com os 5 Tattvas, temos que Viṣṇu se manifesta

através de Ākāśa Tattva; Śiva/Rudra através de Vāyu; Sūrya através de Agni; Durgā (ou a contraparte

feminina) através de Jala; e Gaṇeśa através de Pṛthvī. Estas divindades são conhecidas como

Pañcadevatā, e são as manifestações primárias de todas as outras divindades a partir destas formas. Esta

é a base da filosofia Hindu, cuja adoração destes cinco principais Devatās foi chamado de Pañcāyatana

Pūjā por Ādi Śaṅkara. Embora elas tenham tal representação, o estudo para a escolha da divindade

segue uma regra mais detalhada e menos simplicista na aplicação das retificações, como veremos a

seguir, sendo a Divindade associada ao Tattva utilizada quando o planeta está domiciliado apenas.

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O conhecimento sobre as Divindades associadas aos Navagrahas é útil para determinar qual

Deva em específico deve ser adorado pela natividade para que ele obtenha (1) seu sustento e satisfação

dos desejos materiais (Artha e Kāma); (2) a realização de seu Dharma; (3) Mokṣa; (4) equilíbrio físico,

mental e espiritual; (5) remoção de doṣas (ferimentos planetários) e curses; (6) proteção em períodos

planetários difíceis etc.

Vahni (o deus do Fogo, Agni); Ambu (o deus da Água, Varuṇa); Śikhijā (Kārtikeya, o filho de

Śiva); Viṣṇu (Viṣṇu); Viḍaujaḥ (Indra); Śacī (esposa de Indra); Kā (Brahmā); dvija (Oh duas vezes

nascido!); Sūryādīnāṃ (Sūrya etc.); [khagānāṃ (dos planetas); ca (e) devā (os devas) = os Devas dos

planetas]; jñeyāḥ (devem ser todos conhecidos); krameṇa (nesta ordem); ca (e)...

Parāśara fala neste Śloka: Os devas dos planetas devem ser todos conhecidos, de Sol em

diante, e nesta ordem, como Agni, Varuṇa, Kārtikeya, Viṣṇu, Indra, Śacī e Brahmā. Ele não faz

qualquer referência aos Nodos aqui.

Tabela 1

Planeta

Devatā

Parāśara Varāhamihira Jaimini

Sol Agni Agni Sol/Ketu Śiva

Lua Varuṇa Varuṇa Lua/Ketu Gaurī

Marte Kārtikeya Subrahmaṇya Marte/Ketu Skanda

Mercúrio Viṣṇu Viṣṇu Mercúrio//Ketu Viṣṇu

Júpiter Indra Indra Júpiter/Ketu Śiva e Pārvatī

Vênus Śacī Indranī (Śacī) Vênus/Ketu Lakṣmī

Saturno Brahmā Brahmā Saturno/Ketu Viṣṇu

Rāhu Rāhu Mahākālī, Caṇḍī e Durgā

Ketu Ketu Gaṇeśa e Skanda

Varāhamihira guarda semelhanças com os ensinamentos do sábio Parāśara. Quanto a Jaimini,

este tratou da presidência dos Devatās sobre os planetas de modo ligeiramente diferente dos outros

autores. Em seus Sūtras, Capítulo 1, 2º Pāda, ele descreve sobre a colocação de planetas na 12ª do

Kārakāṃśa e sua estreita relação com a escolha de uma deidade específica pelo nativo. Assim ele

afirma, nas indicações dadas para a adoração de determinados Devatās associados com planetas na 12ª

do Kārakāṃśa, que eles são como os outorgadores de Mokṣa. Entretanto, algumas das posições fariam o

2. Divindades Planetárias

Vahnayambuśikhijā viṣṇuviḍaujaḥ śacikā dvija ! |

Sūryādīnāṃ khagānāṃ ca devā jñeyāḥ krameṇa ca ||18||

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nativo um adorador não apenas de Divindades superiores ou secundárias, porém também de espíritos

maléficos.

Algumas sentenças declaradas por ele são: Ravi e Ketu na 12ª do Kārakāṃśa fazem o nativo um

adorador de Śiva; Candra com Ketu, Gaurī; Śukra com Ketu, Lakṣmī; Kuja com Ketu, Skanda; Budha e

Śani com Ketu, Viṣṇu; Júpiter com Ketu, Śiva e Pārvatī; Rāhu, Mahākālī, Caṇḍī e Durgā; Ketu sozinho,

Gaṇeśa e Skanda. Se a 12ª do Kārakāṃśa for governada por um maléfico ou se Śani estiver lá, a pessoa

é devotada a espíritos maléficos. Igualmente se Śukra estiver na 12ª em um signo governado por

maléfico. O mesmo se aplica à 6ª do Amātyakāraka em relação a tudo que foi observado aqui.

Já Harihara expõem a presidência dos Devatās sobre os Navagrahas de um modo bem mais

específico, como mostra a tabela abaixo. Além disso, ele também afirma que planetas masculinos em

yuti com Sol significam Śiva. Igualmente Júpiter no Lagna, assim como afirmado por Parāśara e

endossado por Harihara, significa Śiva. E várias outras observações que devem ser estudadas

atentamente nos clássicos, contribuem para identificar a divindade correta. Esta informação está

disponível em sua obra Praśna Mārga, Volume 1, traduzido por B.V. Raman.

Tabela 2

Harihara

Sol

Todos os Signos Śiva

1º Drekkāṇa de signo dual Subrahmaṇya; e Kārtikeya na visão de Harihara

2º Drekkāṇa de signo dual Gaṇeśa

Lua

Śukla Pakṣa Durgā

Kṛṣṇa Pakṣa Bhadrakālī, Kālī

Kṛṣṇa Pakṣa em signo de Marte Cāmuṇḍā, Raktheśvarī, Raktha

Marte

Signos ímpares e sattvicos Subrahmaṇya

Signos ímpares não-sattvicos Bhairava, Candrakeśa

Signos pares Cāmuṇḍā, Bhadrakālī e outras ferozes

Mercúrio

Signos Móveis e Duais Avatāras de Viṣṇu

1º e 2º Drekkāṇa de Signos Fixos Śrī Kṛṣṇa

3º Drekkāṇa de Signos Fixos Śrī Viṣṇu

Associado com Sol de qualquer forma Senhor Śiva

Associado com Lua de qualquer forma Durgā

Associado com Marte de qualquer

forma

Subrahmaṇya

Júpiter Em qualquer signo Mahā Viṣṇu ou Nārāyaṇa

Vênus

Em qualquer signo ou em sattvicos Annapūrṇeśvarī

Em uma casa de benéfico ou em

rajásicos

Lakṣmī

Em uma casa de maléfico ou em

tamásicos

Yakśī

Em signos ímpares com planetas

maléficos

Gaṇeśa

Saturno Em qualquer signo Ṣaṣṭha, Kiratha

Rāhu Em qualquer signo O Deus Serpente, Sārpa

Ketu Em qualquer signo Gaṇeśa

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Avatāras do Senhor Viṣṇu

A escolha passa por criteriosa análise:

Tabela 3

Planeta Exaltado Debilidade Amigo Inimigo Domiciliado

Avatāras Mahā Vidyās Adi Devatā Pratyādi Devatā (Tattva)

Sol Rāma Mātaṅgī Agni Śiva Agni (Fogo)

Lua Kṛṣṇa Bhuvaneśvarī Apas Gaurī Durgā (Jala)

Marte Nṛsiṁha Bagalāmukhī Pṛthivī Rudra Agni (Fogo)

Mercúrio Buddha Tripurasundarī Viṣṇu Nārāyaṇa Gaṇeśa (Pṛthvī)

Júpiter Vāmana Tārā Indra Para Brahmā Viṣṇu (Ākāśa)

Vênus Paraśurāma Kamalā Śacī Indra Durgā (Jala)

Saturno Kūrma Kālī Prajāpati Yama Śiva (Vāyu)

Rāhu Varāha Chinnamastā Sarpa Caṇḍī Śiva (Vāyu)

Ketu Matsya Dhūmāvatī Nāga Gaṇeśa Agni (Fogo)

Lagna Kalki Bhairavī Tejas, Caṇḍa Bhairava Governante do Signo

3. Escolhendo o Devatā

(1) se o planeta estiver exaltado, os Avatāras do Senhor Viṣṇu são indicados;

(2) caso em debilidade, uma das Das Mahā Vidyās associadas é indicada;

(3) caso em signo amigo, o Adi Devatā;

(4) se em inimigo, o Pratyādi Devatā;

(5) e se no próprio signo, o Tattva Devatā é indicado;

(6) o Lagna segue a regra de estar em Vargottama;

(7) a escolha dos Digpālas é preferível para Karma-yoga. Entretanto, cabe o discernimento aqui por

verificar se eles estão com digbala (Força Direcional) antes de indicá-los;

(8) caso esteja em Māraṇa Kāraka Sthāna, o Devatā do signo inimigo é o escolhido;

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Das Mahā Vidyā

Praśna Mārga e outras Tradições preferem a adoração do Pratyādi Devatā para planetas

naturalmente maléficos. Na Tabela abaixo a segunda divindade é uma variável do que tenho encontrado

nos textos clássicos.

Tabela 4

Planeta Graha

Devatā

Adi Devatā (signo amigo) Pratyādi Devatā (signo

inimigo)

Físico Mental Alma

Sol Sūrya Agni (fogo) Śiva/Rudra

Lua Candra Apas (água) Gaurī/Umā

Marte Maṅgala Pṛthivī (terra) Rudra/Skanda

Mercúrio Budha Viṣṇu Nārāyaṇa/Puruṣa

Júpiter Guru Indra ParaBrahmā

Vênus Śukra Śacī (esposa de Indra) Indra

Saturno Śani Prajāpati (incluindo Pitṛs, Svadhā) Yama

Rāhu Rāhu Sarpa Caṇḍī/Kāla

Ketu Ketu Nāga/Brahmā Gaṇeśa/Chitragupta

Lagna Tejas, Caṇḍa Bhairava

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Forma do Devatā – Se o planeta tem Digbala (Força Direcional) a partir do Lagna, então o

Dikpāla concede a bênção ao nativo. Atente para o fato de que o planeta que tem Digbala a partir do

Āruḍha Lagna simboliza a direção física para a realização do Karma Yoga, ou seja, a direção a partir do

Quadrante. Assim, se um planeta possui Digbala a partir do Āruḍha, o estabelecimento da natividade

naquela direção, de modo a morar ali para ganhar seu sustento, traz toda a sorte de Fortuna e

Prosperidade. Em relação ao digbala a partir do Lagna, trata-se da Deidade que, ao ser adorada,

conduzirá à realização profissional que possibilitará demais conquistas. Normalmente em relação aos

significadores do planeta para o exercício profissional. A casa na tabela abaixo é onde o planeta possui

Digbala. A Direção é aquela do quadrante que conduz à prosperidade, o qual deve ser indicado para os

planetas que possuem digbala a partir do AL. E o Devatā é a divindade que concede a bênção. Rāhu é

igual a Saturno e Ketu é igual a Marte no governo sobre o Tattva.

O digbala de um planeta é determinado por seu Tattva predominante e, por tanto, estabelecido

nos quadrantes. Leste governa sobre Pṛthvī e Ākāśa, terra e éter, respectivamente. O Sul governa sobre

Agni (fogo); o Norte sobre Jala (água); e Oeste sobre Vāyu (ar). Contudo, a direção para realização do

Karma-Yoga é aquela apontada pelo planeta, não pelo Tattva. Cada uma dessas direções, tem um

Dikpāla Devatā governante.

Tabela 5

Planeta Tattva Casa Digbala Direção do Karma-Yoga Dikpāla Devatā

Sol Agni 10 Sul Leste Indra

Lua Jala 4 Norte Noroeste Vāyu

Marte Agni 10 Sul Sul Yama

Mercúrio Pṛthvī 1 Leste Norte Kubera

Júpiter Ākāśa 1 Leste Nordeste Īśāna

Vênus Jala 4 Norte Sudeste Agni

Saturno Vāyu 7 Oeste Oeste Varuṇa

Rāhu Vāyu 7 Oeste Sudoeste Nirṛti (Kālikā)

Ketu Agni 10 Sul Vertical Ananta

Agni, Dikpāla do Sudeste

Agni (fogo) é o elemento que governa sobre a casa 10,

o Sul, de modo que qualquer afetação neste Tattva, fará o

indivíduo enfrentar reverses em sua vida profissional. Agni está

associado com a realização de Artha, trabalho. O uso de um coral

vermelho para Marte ou de Rubi para Sol, é muitas vezes

indicado quando um desses planetas se encontra quer debilitado,

colocado em signo inimigo ou aflito por qualquer meio. “Muitas

vezes indicado”, mas não necessariamente obrigatório e

indispensável, uma vez que o mesmo planeta causador do

fracasso profissional, por afetação de seu Tattva, pode ser um

māraka (assassino). Nestes casos, a consulta com um astrólogo é

fundamental para que ele providencie a melhor solução possível.

4. Digbala e Dikpāla, e a direção a tomar

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Pṛthvī (terra) é o elemento que governa sobre a casa 1, o Leste.

Este é o elemento que traz o sustento material e, como tal, está

associado com o Senhor Viṣṇu, o Sustentador e Preservador dos

mundos. Igualmente a afetação deste elemento torna o indivíduo

incapaz de prover seu próprio sustento material. Prova disso é que o

sucesso profissional (Agni) nem sempre acompanha o sustento

material e riqueza (Pṛthvī). Estes são os dois elementos que, quando

dispostos harmonicamente em uma Carta, produzem elevado status

profissional e abundância de riqueza. Kubera, Dikpāla do Norte

Normalmente, quando uma pessoa está no caminho da realização de seu Karma, ele está

naturalmente estabelecido na direção do planeta que possui digbala a partir do AL. É comum nos

períodos maior e menores que uma pessoa se desloque para a direção do planeta governante daquela

Daśā. Frequentemente esse planeta pode ser visto associado a um que possua força direcional, quer por

yuti ou por aspecto. A direção contrária à apontada para o sucesso, gera infortúnio e queda nos

empreendimentos.

Iṣṭa Devatā é a divindade que guia a alma para Mokṣa, Kula Devatā é a divindade que orienta o

indivíduo, melhorando sua vida, e o Guru Devatā é a divindade responsável por trazer o Guru físico

nesta vida. Estas três divindades são semelhantes ao Sol, o natural significador da Alma; à Lua, o

natural significador da Mente; e a Júpiter, o natural significador do Paka Lagna, ou seja, o signo

ocupado pelo senhor do Lagna e Guru, respectivamente. O Dharma Devatā ajuda a pessoa a alcançar os

objetivos e ideais desta vida.

O Iṣṭa Devatā de uma pessoa é visto a partir da influência planetária mais forte na 12ª casa a

partir do Kārakāṃśa. Semelhantemente o Dharma Devatā é visto a partir da 9ª do Kārakāṃśa,

enquanto que o Palana Devatā é visto a partir da 6ª do Amātyakāraka (Amk). O Guru Devatā é

indicado pelo Bhrātṛkāraka (BK) no Navāṃśa, bem como os planetas que estão em yuti com ele ou o

aspectando. Estes Gurus ensinam o Dharma, Jyotiṣa, os Vedas ou Vedāṅga etc. Guru em outras áreas é

visto a partir de outras divisionais. A regra é como no quadro abaixo.

4.1. Iṣṭa Devatā, Kula Devatā, Guru Devatā, Dharma Devatā e outros

(1) o mais forte planeta depositado na 12ª casa do AK no Navāṃśa é o Iṣṭa Devatā;

(2) havendo mais de um, deve-se olhar para aquele que estiver em Exaltação e, em seguida,

no próprio signo etc., e nesta ordem ;

(3) não havendo a condição acima, aquele que tiver o maior número de graus na Carta Rāśi

deve ser considerado o mais forte;

(4) não havendo planetas depositados na 12ª do AK no Navāṃśa, então o aspecto planetário

sobre a segunda casa deve ser determinado;

(5) somente neste caso os aspectos dos signos (Rāśi Dṛṣṭi) devem ser usados, uma vez que as

divindades não existem em um corpo humano;

(6) quando mais de um planeta aspecta, escolhe-se o mais forte dentre eles.

(7) Quando nenhum planeta aspecta a 12a casa, escolhe-se o governante do signo.

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O Kula Devatā é a divindade da família. A 2ª casa da Carta Natal governa sobre a família e a

Divisional D-20 (Viṃśāmśa) é usada para determinar Upāsana, ou adoração. Desta forma a divindade

da família é vista a partir da 2ª casa na D-20. As regras são as mesmas como vistas no quadro anterior.

O Palana Devatā é a divindade significada (kāraka) pela Lua e é responsável por guiar as

atividades dos membros da família em sua vida material. Em tempos antigos, a profissão dos pais

passava para os filhos. Hoje este hábito praticamente caiu em desuso e o estudo individual da Carta de

Nascimento deve ser feito para determinar a divindade favorável para seus meios de subsistência. O

Sábio Jaimini explica que o Palana Devatā é aquele visto a partir da 6ª do Amātyakāraka na Carta

Navāṃśa (D-9), utilizando, para isto, as mesmas regras como citadas para encontrar o Iṣṭa Devatā.

Grama Devatā é a divindade que protege a vila, o bairro. O Kula Devatā também é referido

como Grama Devatā, a vila de onde o indivíduo pertence, se for uma vila pequena. Entretanto, pode

haver diferenças se não existir qualquer associação entre a 2ª e 4ª casas. Para as grandes cidades, o

correto é o Sthana Devatā, e este é visto a partir da influencia planetária mais forte sobre a 4ª casa na

D-20.

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A 5ª casa da Carta Astrológica é o local de trabalho de Budhi, a sede de Mana em seu nível mais

elevado. Putra Bhāva é a casa regida pelo Sol na posição Natural do Zodíaco. Esta casa recebe vários

nomes, conforme seus significadores, isto é, Bhakti Bhāva, a casa da devoção, do amor, da divindade;

Mantra Bhāva, a casa dos Mantras, dos encantamentos, das palavras mágicas; Putra Bhāva, a casa dos

filhos; Pūrva Puṇya, a casa das boas ações, dos méritos, de vidas passadas etc.

Assim como Sol rege naturalmente esta casa, transmitindo sua luz para a remoção da escuridão,

Júpiter é Kāraka desta casa, representando o Guru dos Devas, o preceptor, o doador da luz, do

conhecimento, o removedor da ignorância, o que desperta Vidyā. É por meio da graça do Guru que se

pode obter o conhecimento, e é somente através de Vidyā que a alma pode se livrar da ilusão deste

mundo e romper com o ciclo de renascimentos e mortes.

A 9ª de Júpiter mostra o Guru, pois Júpiter é Naisargika Kāraka para Guru, dentre outros

assuntos. Enquanto os Naisargika Kārakas mostram assuntos a partir de determinadas casas contadas do

planeta significador destes assuntos, os Cara Kārakas mostram pessoas, isto é, os corpos físicos. Assim

é que o BK, Bhrātṛkāraka, mostra o corpo físico do Guru. O Guru pode ser várias pessoas, cada um

ensinando algo diferente, por isso não se descarta nenhuma associação deste planeta com outros. Veja

4.1. O Guru ilumina a mente e dissipa a escuridão, doando conhecimento e iniciação através do correto

mantra. O aspecto do trânsito de Júpiter (por Rāśi Dṛṣṭi) sobre o Mantra Pada (A5) traz contato com o

Guru e o recebimento de Mantra. Já o trânsito de Ketu em trinos ao AL, faz uma pessoa inclinada

espiritualmente e a renúncia e/ou elevadas experiências espirituais podem ocorrer neste momento. A

Viṃśottarī Daśā de planetas influenciando Mantra e Dharma Bhāvas dá o conhecimento de Mantra e

traz o Guru. Isto também pode ser visto a partir do Viṃśāmśa (D-20).

Planetas na 5ª casa têm Argalā sobre o Lagna, transmitindo sua influência de acordo com a

natureza do planeta. Caso haja mais planetas na casa 9 (a casa que obstrui a Argalā a partir da 5ª sobre o

Lagna), então essa influência não pode ser sentida. Em termos gerais, o planeta na 5ª casa não deve ser

inimigo de planetas colocados no Lagna, pois negariam as bênçãos deste último.

Maléficos e Benéficos nesta casa têm de ser avaliados cuidadosamente. Basicamente eles são

classificados em doadores de maus ou bons pensamentos, respectivamente. Isto é, os maléficos

destroem a inteligência, devoção e capacidade de adoração, enquanto os benéficos conferem uma

natureza elevada e inclinada ao modo devocional, elevada inteligência etc.

Combinações de maléficos na 5ª casa destroem a capacidade de adquirir conhecimento, tanto

mundano quanto espiritual e faz a pessoa ter dificuldade de aprendizado e desperdiçar todo e qualquer

5. Mantra Bhāva

5.1. Planetas na Casa 5

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conhecimento obtido. Parāśara e outros se referem a indivíduos obtusos, maçantes e deficientes no

aprendizado. Maléficos aqui afetam Mana e Dhī e causam perda de memória e à loucura. Todas as

sentenças como ensinadas nos Śāstras são verdadeiras quando isoladas do restante da Carta. Contudo,

uma Carta de Nascimento deve ser estudada em um todo e nunca por planetas isolados e, por esse meio,

outras sentenças irão sobrepor às anteriores, cabendo ao Astrólogo aqui medir a força do planeta antes

de dar o seu parecer. Portanto, existem muitos detalhes a ser estudados a partir da 5ª casa.

Alguns fatores que podem contribuir para anular a influência de maléficos sobre esta casa é o

aspecto de benéficos sobre ela. Sol e Júpiter desempenham um papel importante na direção de Mana e

Dhī, uma vez que o primeiro é o governante natural desta casa e o segundo é kāraka de inteligência,

conhecimento etc. Estando o governante desta casa associado quer com um deles, então também não se

pode dizer que o nativo incorrerá em loucura, perda de memória e/ou de aprendizado, pois a associação

do governante desta casa com Júpiter forma um poderoso yoga para inteligência e fácil aprendizado,

bem como com o Sol. Mercúrio, sendo o planeta responsável pela memória, também deve estar

desprovido de ações de maléficos para proporcionar uma boa memória. Lua, kāraka de mente, e sua

décima (que mostram as ações das sementes que nascem na mente) devem ter bons aspectos também.

Todos estes planetas mostram a direção de Mana (Mente) e o Mantra, de Mana (mente) + Tra (proteger)

é utilizado para proteger a mente dos efeitos maléficos de planetas colocados, aspectando ou em yuti

com um desses significadores da mente, ou seja, o governante da casa 5, Lua e Mercúrio.

Com base nestas e em outras considerações, muitos astrólogos são apressados em indicar

mantras da divindade correspondente ao governante da 5ª casa para proteger a mente (man + tra) da

influência planetária negativa nesta casa. Mas se o senhor da 5ª não tem um bom relacionamento com o

senhor do Lagna, então propiciar os senhor da 5ª com mantras pode colocar a vida dos filhos em perigo.

Em suma, planetas nesta casa indicam a direção da adoração, o amor (Bhakti) direcionado a

específicas divindades. Algumas dicas podem ser úteis aqui:

(1) Signo masculino, planetas masculinos colocados ou aspectando esta casa, bem como o governante

associado com planetas masculinos, indicam a adoração de divindades masculinas.

(2) Signos femininos etc., como o exemplo acima, indicam a adoração de divindades femininas.

(3) Signos e planetas Sattvicos, indicam a adoração de divindades maiores e dedicação firme no

caminho.

(4) Maléficos direcionam para a adoração de divindades menores, e até mesmo de espíritos;

Os clássicos se dividem em opinião quanto às divindades associadas aos planetas. Cabe ao

astrólogo discernimento. Considerando tudo o que já foi estudado aqui, aconselho mantras de benéficos

influenciando esta casa para proteção da mente.

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Livros Consultados

1. Bṛhat Parāśara Horā Śāstra

2. Bṛhat Saṃhitā, Varahāmihira

3. Bṛhat Jātaka, Varahāmihira

4. Prāśna Mārga, Harihara; por B.V. Raman

5. Prāśna Tantra, Harihara; por B.V. Raman

6. Bṛghu Sūtras, Bṛghu, por Dr. G.S. Kapoor

7. Vedic Remedies in Astrology, Pt. Sanjay Rath

8. Crux Of Vedic Astrology, Pt. Sanjay Rath

9. A Course on Jaimini Mahāṛṣi’s Upadeśa Sūtra, Pt. Sanjay Rath

10. Jaimini Sūtras, Jamini, por P.S. Sastri

11. Ayurveda e a Terapia Marma, Dr. David Frawley, Dr. Avinash Lele, Dr. Subhash Ranade

12. Uma Visão Ayurvedica da Mente, Dr. David Frawley